A mudança da meta fiscal não afetou apenas o dólar. As projeções de juros também foram afetadas pelo aumento das incertezas sobre as contas públicas e as expectativas são menores de que o Banco Central continue cortando a taxa Selic, que atualmente está em 10,75% ao ano. A recente mudança na meta fiscal do governo tem gerado repercussões significativas no mercado financeiro, especialmente no que diz respeito às expectativas de cortes na Taxa Selic. Neste artigo, vamos analisar de forma detalhada como essa alteração afeta o cenário econômico e as projeções para a política monetária do país.
Índice
Entendendo a Mudança na Meta Fiscal
Para compreendermos o impacto dessa mudança, é fundamental primeiro entendermos o que significa a meta fiscal do governo. Em linhas gerais, a meta fiscal é uma referência estabelecida pelo governo para o resultado primário das contas públicas, ou seja, a diferença entre receitas e despesas, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.
A incerteza aumentou após o anúncio da equipe econômica de que as metas para as contas públicas seriam alteradas em 2025 e 2026. O comunicado emitido na segunda-feira, 15, indica que os planos do governo para colocar os números no azul foram adiados.
Além disso, o novo arcabouço fiscal, que entrou em vigor há menos de um ano, levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir. Isso se deve ao fato de que o cumprimento da regra depende de um aumento das receitas, e ninguém sabe exatamente como isso ocorrerá.
Após os últimos acontecimentos em Brasília, é plausível que o Copom mantenha uma postura prudente nas próximas reuniões. No entanto, O Copom já havia demonstrado preocupação com as mudanças no cenário fiscal, o que determinará as ações futuras para atingir o objetivo de consolidar a convergência da inflação, apesar da resposta dos mercados.
É possível argumentar que a sinalização está sendo realizada em um contexto global já bastante desfavorável, seja pela escalada dos conflitos no Oriente Médio, seja pela revisão das expectativas de corte de juros nos Estados Unidos.
Impacto nas Expectativas de Cortes na Taxa Selic
Com a revisão da meta fiscal, os agentes econômicos passaram a reavaliar suas expectativas em relação à política monetária do Banco Central. Anteriormente, havia uma perspectiva de redução da Taxa Selic para estimular a atividade econômica e controlar a inflação. No entanto, diante das novas perspectivas sobre o nível de alinhamento do mercado com a meta fiscal proposta, esse cenário pode sofrer alterações.
As projeções para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio são afetadas pelas mudanças. O mercado viu boas chances do BC fazer uma nova redução de 0,5 ponto percentual (p.p.) na Selic no início da semana passada. No entanto, com base nos dados divulgados pela B3 sobre os contratos de Opção de Copom, essa expectativa vem caindo, e a probabilidade de uma redução menor, de 0,25 por cento aumentou.
Frente a este cenário, o último boletim da pesquisa Focus trouxe uma expectativa de uma taxa Selic um pouco maior que o inicialmente esperado para 2024.
Perspectivas para a Política Monetária
Diante da incerteza provocada pela mudança na meta fiscal, os analistas financeiros estão divididos em relação às próximas decisões do Banco Central. Alguns acreditam que a autoridade monetária poderá manter a Taxa Selic inalterada em um primeiro momento, aguardando mais clareza sobre o cenário fiscal. Outros, por sua vez, defendem a continuidade do ciclo de redução da taxa de juros, independentemente das revisões na meta fiscal.
Segundo alguns especialistas em economia, a mudança na meta fiscal adiciona um elemento de incerteza ao cenário econômico, o que pode influenciar as decisões do Banco Central em relação à Taxa Selic, visto que a manutenção da taxa de juros em níveis baixos ainda é fundamental para estimular o crescimento econômico e reduzir o desemprego.
Conclusão
Diante do exposto, fica claro que a mudança na meta fiscal do governo tem impactado as expectativas de cortes na Taxa Selic, gerando incertezas no mercado financeiro. Acompanhar de perto os desdobramentos dessa alteração e as decisões do Banco Central é fundamental para investidores e agentes econômicos que buscam compreender e se adaptar ao cenário econômico atual.
