Alguns empreendedores são conservadores e optam por operar em mercados sólidos, previsíveis e bem estruturados. Outros preferem mercados em crescimento, mais voláteis e com riscos maiores, mas com chances igualmente maiores de retornos expressivos e ganhos exponenciais. Além destes tipos, e das inúmeras nuances entre eles, há um terceiro tipo que prefere se aventurar em mercados pouco (ou nada) navegados, tais como a exploração comercial do espaço.
Em tempos de SpaceX, onde lançamentos de foguetes ao espaço já viraram uma rotina quase diária, não é preciso ir muito longe para perceber o tamanho do impacto que esse tipo de operação vem causando em nossa sociedade, bem como as profundas transformações que traz para a ciência e para a economia.
À medida que o lançamento de carga ao espaço é, cada vez mais, corriqueiro e acessível ao redor do planeta, novos mercados se abrem e operações que parecem ter saído de um filme de ficção científica tornam-se grandes oportunidades de negócio para visionários e destemidos.
Índice
Introdução
Todo negócio de sucesso depende, minimamente, de uma operação sustentável, fontes de receita previsíveis e clientes dispostos a pagar pelo produto ou serviço. No caso da exploração comercial do espaço não é nada diferente (assim como em mercados, literalmente, com os pés no chão) e, mesmo tendo tudo isso, o timing foi essencial para o sucesso de uns e para o fracasso de outros.
O custo dessas operações sempre foi algo proibitivo mas, na última década, muitas empresas têm mudado, com sucesso, essa noção deixada por antigos programas espaciais governamentais com custos astronômicos (especialmente americanos e soviéticos). Com o rápido crescimento do setor e o aumento expressivo no número de lançamentos, o preço do hardware e o custo por quilograma lançado em órbita (ou além) estão mais acessíveis a cada dia, como resultado da experiência adquirida nessas operações.
Se um oceano azul não basta, que tal o espaço infinito?
Muitas empresas surgiram neste momento, onde um novo mercado se abriu e ideias de negócio foram sendo tiradas do fundo de gavetas e colocadas à disposição de governos e investidores. Algumas dessas empresas têm mostrado um desempenho digno de nota, a ponto de receberem investimentos de governos, investidores, fundos de investimento e, até mesmo, tendo seu capital aberto e ações listadas em bolsas, de forma que investidores ao redor do mundo possam alocar capital nesses negócios que estão moldando um novo mercado: a exploração comercial do espaço.
Para dar uma ideia do quanto ficamos bons nisso, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior, desde o lançamento do primeiro satélite artificial (Sputnik 1 em 1957) até o final de 2022, mais de 10.000 objetos foram enviados ao espaço. Vale salientar que somente 9.329 foram lançados intencionalmente, pois o número total inclui todos os objetos lançados ao espaço, incluindo detritos e satélites inativos.
O custo de chegar (e ficar) no espaço
Determinar o custo exato de uma missão espacial é um desafio, pois pode depender de como você mede e contabiliza os custos. Missões espaciais podem variar amplamente em termos de objetivos, complexidade e orçamentos mas, em geral, estamos falando da cifra de bilhões de dólares.
Os valores soam inatingíveis para a maioria, salvo alguns bilionários ou startups captando investimentos, mas é exatamente o empreendedorismo desses visionários que vem reduzindo o custo de acesso e tornando orçamentos estratosféricos, como os dos antigos programas espaciais governamentais, algo do passado.
Junto com os valores assustadores, também fica para trás a tecnologia da época da Guerra Fria, que alguns insistem em utilizar até hoje, em contraste aos novos modelos de foguetes e naves espaciais desenvolvidos com tecnologia atual, trazendo soluções melhores e mais seguras a custos mais acessíveis.
Com a tecnologia atual, certas missões podem ter um custo mais previsível quando concentram-se na exploração planetária, voos espaciais tripulados, lançamento de telescópios espaciais ou implantações de satélites. No entanto, algumas missões passadas e programas espaciais ficaram muito mais caros que o esperado, como, por exemplo:
Programa do Ônibus Espacial
O programa do Ônibus Espacial, que foi operado pela NASA de 1981 a 2011, foi um programa de voo espacial humano significativo e caro. O custo total do programa, incluindo desenvolvimento, operações e missões, foi estimado em mais de US$200 bilhões.
Estação Espacial Internacional (ISS)
A ISS é um dos empreendimentos humanos mais caros até hoje, envolvendo contribuições de vários países e agências espaciais. O custo estimado da ISS ao longo dos anos ficou na faixa de US$100 bilhões a US$150 bilhões.
Telescópio Espacial James Webb
Projetado para estudar o universo em comprimentos de onda infravermelhos, o lançamento do telescópio espacial custou à NASA a cifra de US$10 bilhões.
Mars Rovers
Diferentes missões com robôs semi-autônomos, como o Mars Science Laboratory (Curiosity) e a missão Mars 2020 (Perseverance), tiveram orçamentos na faixa de US$2 bilhões a US$3 bilhões cada.
Pimp My Spaceship
Para chegar ao espaço hoje em dia, basta ter uma ideia, muita vontade e dinheiro na mão. É possível ir ao mercado e adquirir, diretamente dos fabricantes, foguetes, satélites e naves espaciais, com as customizações necessárias para realizar a missão espacial dos seus sonhos.
Precisa mandar uma experiência científica que exige gravidade zero para ser realizada? Sem problemas. A turma da escola resolveu fazer uma homenagem ao professor de ciências e mandar suas cinzas ao espaço? Feito. Tem planos megalomaníacos mas esbarrou com alguns problemas no supply-chain? Resolvido. Atualmente há uma infinidade de fornecedores para ajudar uma empresa a desenvolver um novo modelo de negócio em cima de uma futura patente que pode revolucionar a civilização humana, ou ajudar nos planos de dominação mundial de algum gênio do mal.
Claro que a exploração comercial do espaço depende de novos componentes e produtos, mas não é somente desse tipo de fornecedor que vive o setor pois, além de todos os desafios envolvidos em desenvolver novas tecnologias e dispositivos que serão utilizados no espaço, você ainda precisa conseguir fazer com que eles cheguem lá, preferencialmente em um único pedaço. E para resolver seus problemas e evitar que alguém reinvente a roda (porque ciência de foguete é algo, realmente, difícil), eis que entra em cena a SpaceX.
Uber Space
Atualmente, diversas empresas estão ajudando seus clientes a chegarem ao espaço por um preço (quase) acessível, infinitamente menor que os custos astronômicos das missões da NASA e da Roscosmos. Nesse mercado, a SpaceX é, de longe, a maior e melhor. E não estamos falando apenas de valores, mas de toda a personalização, praticidade e comodidade do processo, que chegam a espantar.
Você pode contratar o serviço enquanto desfruta do conforto do seu sofá, sem precisar de nada além de um telefone celular ou qualquer outro dispositivo com acesso à internet (se estiver na cozinha, pode ser até naquela geladeira do futuro da Samsung). Contratar o serviço é mais fácil que comprar uma passagem de avião, o que deixa a maioria das companhias aéreas e agências de viagem passando vergonha.
Com os parâmetros da missão em mãos (órbita desejada pericentro, apocentro e eixo) e os dados de sua carga definidos (tamanho e tipo de fixação), basta ter seu cartão de crédito à mão e acessar o site da SpaceX para escolher a melhor data e mandar quem, perdão, o que você quiser para o espaço.
Mercados do futuro, hoje
Das primeiras missões tripuladas à Lua, até as sondas que exploram planetas distantes, a exploração espacial tem sido uma parte fundamental da nossa evolução como espécie. No entanto, na última década, tivemos a oportunidade de presenciar o início de um novo tipo de atividade econômica muito pouco mencionada, mesmo que em teoria: a exploração comercial do espaço.
Antigamente, para mandar algo ao espaço, você precisaria desenvolver e construir um foguete muito poderoso, a nave espacial que este foguete levaria em cima dele e a carga que ela precisaria entregar, seja um satélite ou um habitáculo pressurizado com pessoas dentro. Tudo isso é um conjunto de atividades muito difícil, mesmo para um grupo de pessoas extremamente inteligentes, mas que pode ser contornado simplesmente comprando produtos de prateleira e terceirizando o que for possível fora do “core business” da empresa, utilizando a vasta gama de fornecedores competentes à disposição, como a SpaceX ou a Virgin Galactic, que realizou com sucesso seu primeiro vôo comercial.
Com iniciativas de turismo, mineração espacial e colonização interplanetárias sendo levadas (muito) a sério, além de novos materiais e remédios que são, atualmente, desenvolvidos na ausência de gravidade do espaço, estamos começando a compreender o escopo, o tamanho, a importância e o impacto desse novo mercado.
Desde pequenos componentes até satélites e naves espaciais inteiras, atualmente há uma grande variedade de novas empresas, indústrias e mercados nascendo. Esses negócios surgem apoiados nas necessidades desta nova era de exploração comercial do espaço e da exploração de recursos extraplanetários (literalmente, mineração de asteroides).
O Tamanho do Mercado de Exploração Espacial
O mercado de exploração espacial global tem testemunhado um crescimento notável nos últimos anos. Com agências espaciais de todo o mundo, como a NASA, a ESA e a JAXA, entre outras, conduzindo missões cada vez mais ambiciosas, a indústria espacial está em constante expansão.
Diversas empresas privadas entraram no jogo, como fornecedoras de programas governamentais ou criando seus próprios programas privados de exploração espacial. Com isso, o investimento no setor viu aportes nunca antes imaginados e pudemos presenciar o nascimento de uma nova economia espacial.
Estima-se que esse mercado cresça rapidamente na próxima década, pois a a economia espacial global cresceu 8% em 2022, chegando a US$546 bilhões, e prevê-se que suba mais 41% nos próximos cinco anos.
Principais Impulsionadores do Mercado
Diversos fatores aceleram o crescimento do mercado de exploração comercial do espaço, mas os mais notáveis são:
Avanços Tecnológicos
O desenvolvimento de tecnologias avançadas, como foguetes reutilizáveis e propulsão avançada, tornou as viagens espaciais mais acessíveis e eficientes;
Exploração de Recursos Espaciais
A busca por recursos valiosos, como elementos essenciais e minerais raros, abre novas oportunidades econômicas no espaço;
Turismo Espacial
Empresas privadas, como a SpaceX e a Blue Origin, estão desenvolvendo o turismo espacial, tornando-o uma indústria em crescimento.
Explorando Além da Órbita Terrestre
A exploração espacial não se limita apenas à nossa órbita terrestre. Agências espaciais e empresas de todo o mundo estão mirando lugares mais distantes, como a Lua e Marte, para futuras missões tripuladas. Isso marca um ponto crucial na história da exploração espacial, à medida que avançamos em direção à colonização de outros planetas.
Desafios e Oportunidades
Embora o mercado de exploração comercial do espaço apresente imensas oportunidades, também enfrenta desafios significativos. Questões como a segurança das tripulações, a gestão de resíduos espaciais e a sustentabilidade a longo prazo são áreas de preocupação.
Conclusão
A exploração comercial do espaço está no centro de nossa busca por conhecimento e aventura. À medida que continuamos a expandir nossos horizontes e a explorar o universo, o mercado de exploração espacial desempenha um papel cada vez mais fundamental.
Diversas empresas estão lucrando com isso e, ao que tudo indica, este mercado ainda deve receber aportes inimagináveis de capital, tornando-se um ponto de atenção para investidores e fundos de investimentos, muitos dos quais já têm ações destas empresas em sua composição.
Este é um emocionante momento na história da humanidade, e o futuro promete inúmeras descobertas e realizações além de nossa imaginação. Quer saber mais e fazer parte dessa transformação? Entre em contato com nossa equipe e saiba mais!